e agora, uma pausa

talvez seja mais chique chamar de sabático?

eu não queria escrever esse texto.

mas, se for sincera, tem muitas coisas que eu tenho tido que fazer ultimamente que eu realmente não queria que acontecessem.

pra já começar tirando o curativo numa tacada só:

eu preciso que você saiba que esse é um anúncio de pausa.

a pausa, na verdade, já vem acontecendo desde o começo do mês (os assinantes pagos estão sabendo!), pelo menos aqui na newsletter. o que aconteceu foi que, enquanto a news estava on hold pelo mês de junho, eu continuei criando conteúdo pro instagram, tentando seguir uma fagulha criativa que, pra mim, tava sendo divertida e desafiadora.

não só isso, mas eu continuava pensando sobre esse espaço, o que fazer com ele, como seguir em frente, e como seria a estrutura da newsletter quando ela voltasse à ativa no mês que vem.

nesse meio tempo, percebi que as estruturas criativas e internas que eu montei eram muito frágeis e que um mês era pouco tempo de descanso, principalmente porque eu não tava descansando p*rra nenhuma. minha cabeça continuava à milhão, tentando fazer sentido disso tudo.

eu preciso de mais tempo.

me comprometi, então, com 3 meses, o período de verão aqui no canadá - e que começa hoje, 20 de junho - pra me desconectar de tudo o que diz respeito à produção de conteúdo.

já deletei o instagram do meu celular na última segunda-feira, desloguei a minha conta de todos os devices e vou fazer o mesmo com o substack.

eu preciso desse tempo, principalmente, pra entender o papel da escrita na minha vida e como eu sigo escrevendo sem buscar validação externa o tempo inteiro.

é engraçado (senão muito trágico) que a gente passa a vida adulta tendo que curar as feridas criadas na infância, e tudo o que eu mais queria enquanto criança era ser notada e amada.

transferi isso pra muitas áreas da minha vida, de maneiras diferentes. não tenho dúvida que a minha tendência a querer agradar todo mundo é um reflexo disso. e eu percebi, muito recentemente, que comecei a usar algo que eu amo, a escrita, pra alcançar esse mesmo fim.

eu escrevia pensando no resultado, na percepção dos outros, na aceitação da audiência. escrevia esperando coisas de volta e com medo de falar alguma coisa errada a ponto de ser cancelada. eu vivo em constante estado de hipervigilância e isso transbordou pra minha arte também.

por isso, tenho que parar.

tenho que parar de usar a escrita como um meio pra um fim e aprender a usá-la da forma que eu fazia enquanto criança: uma maneira de expressar a minha visão de mundo, como arte, e com amor.

não sei se 3 meses é pouco tempo pra isso, e tenho medo de descobrir que, no fim das contas, eu não gosto de escrever tanto assim, que eu não sou artista coisa nenhuma e que tudo não passava de uma delusão infantil.

tenho medo também de perceber que eu não quero mais voltar pra esses espaços digitais e publicar coisas (ainda mais se for em busca de validação).

por um lado, eu sei que esses medos são 100% alimentados pela minha ansiedade, e eu só vou saber as respostas, de verdade, quando esse período sabático acabar.

escrever esse texto não é uma obrigação (e talvez seja uma forma de validação velada também), mas eu sentia que, aqui, tenho um compromisso - com todos vocês que assinam a news, mas em especial com os assinantes pagos.

aos que decidirem cancelar a assinatura nesse período (o que é super válido!) uma sugestão: ao invés de usar o dinheiro pra correr assinar outra newsletter, fazer uma doação de mesmo valor para o CVV, o centro de valorização da vida, uma ONG que oferece suporte emocional via telefone e chat. é uma causa em que eu acredito muito e, considerando o motivo da minha pausa (sim, é a saúde mental, você acertou), eu achei uma sugestão válida.

caso vocês queiram ficar, reforço a sugestão que fiz no chat: tem muito conteúdo incrível por trás do paywall, e eu sei bem como a gente tem tempo limitado (senão inexistente) pra acompanhar tudo o que a gente assina. aqui vão os meus favoritos:

1. como ser mais criativa sem sobrecarregar a sua rotina

2. aprendendo a viver a partir das estações

3. itinerário de fim de semana pra gatas solitárias

4. criar sozinha, mas curtir no coletivo

5. a minha vida num caderno pontilhado

pra todo mundo: o meu muito obrigada por acompanhar a newsletter até aqui! sempre levei esse espaço muito a sério e sei que oferecer um email é o equivalente moderno a dar o número de telefone pra alguém.

justificativas e validações à parte, eu sempre gostei da ideia de entender que, por trás de todo conteúdo legal que a gente vê, tem um ser humano lidando com as suas próprias questões (e às vezes alguns demônios). então, o aviso é válido, mas também um exercício de humildade: eu sou importante, mas não tanto assim.

é que eu gosto de marcos e fechamentos de ciclos e tals. logo, esse é só mais um marco. um fechamento de ciclo. uma despedida (temporária) da internet, pra eu cuidar do que preciso fora dela.

a gente se vê em setembro.

até lá.

se cuida e fica bem,

maki.