há algumas semanas, fui a uma ‘arena de trampolins’ comemorar o aniversário de uma amiga muito querida.
tal qual as crianças que (ainda) somos, passamos uma hora pulando de uma cama elástica pra outra, competindo em gincanas inventadas, e tentando fazer cestas numa quadra minúscula usando uma raquete esquisita enquanto a gente pilotava carrinhos a lá bate-bate.
foi incrível e caótico.
depois, devidamente cansados tal qual o público 30+ que somos, curtimos a melhor parte do rolê: um belo pedaço de bolo e o fatídico momento em que ela abriria todos os presentes e a gente, enfim, saberia a sua reação a cada um.
tomada pela alegria de vê-la tão feliz e cercada de gente legal, fui atingida no peito pela materialidade do que as pessoas sentiam por ela.
pelo seu apartamento, ela me falava com frequência, ‘foi meu parceiro que fez isso aqui pra mim’ ou ‘foi ele que montou pra mim’ ou ainda ‘foi ele que comprou porque eu disse uma vez que queria’. tinha também ‘meu parceiro e meu amigo compraram isso aqui pra mim e montaram enquanto eu tava fora de casa, foi uma surpresa’ e, por fim, ‘não é legal? foi ciclana que me deu’.
vendo aquilo tudo, fora a surpresa gerada pelo presente de aniversário do parceiro, virei pra minha amiga em dado momento e disse, meio maravilhada:
‘é tão bom ser amada, né?’
oof.
um sentimento que me arrebatou e me deixou pensando a semana inteira. meu lado romântico transbordou de alegria ao saber que era possível encontrar pessoas não só dispostas a se amarem como a darem aquele passo extra pra fazerem o parceiro(a) feliz.
por outro, olhei em volta pro meu apartamento vazio e…
… puts.
essa lembrança me dá vontade de chorar por sentimentos mistos. a alegria de ver uma amiga tão tão tão feliz e a solidão que me corrói aos pouquinhos, aquele desejo insistente que diz ‘queria viver isso também’.
ah, a solidão. bem-vinda de volta, velha amiga. sei bem como você pode aparecer de repente, sem convite, e esperar a cama do quarto de visitas (que eu não tenho) pronta e o cheiro de café recém-passado vindo da cozinha.
aparece por muitos motivos em muitos contextos e te pega de repente. é o sorriso sincero que apaga aos pouquinhos quando você se vê sozinha numa mesa cercada de casais. é a tristeza que bate “do nada” quando você não tem planos pra um fim de semana. são as festas de fim de ano que passam com amargor quando você vê a agenda de eventos vazia.
ela aparece de garras afiadas quando você se vê sem ter com quem conversar sobre o que mais ama fazer.