mar aberto

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aprendendo a viver a partir das estações

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e dá pra fazer isso no brasil também (eu acho)

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maki de mingo
May 29, 2025
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aprendendo a viver a partir das estações
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são 5h15 da manhã, e a energia tá lá em cima.

percebi que os galhos das árvores estão cheios de brotos, e me lembro que elas estão vivas, afinal de contas. todos estamos.

sobrevivi mais um inverno.

dessa vez foi difícil, como comentei muitas vezes, mas tenho tentado pensar na estação de forma diferente, me preparar melhor pro ano que vem. por enquanto, admiro os brotos diariamente, acompanhando o seu desenvolvimento e esperando ansiosamente pelo dia em que vou ouvir o som do vento passando pelas folhas.

parece loucura, mas você esquece das coisas mais básicas, sabe?

a vida segue o seu ritmo. o trabalho continua. os passeios com o cachorro, as idas ao mercado. ‘preciso comprar tal coisa na farmácia’, digo. ‘ixi, acabou o saco de lixo’. ‘ai, queria ir no cinema, vamos?’, ‘e se a gente tomasse um brunch, hein?’.

entre uma semana chuvosa e outra, me dou conta, como que de repente, que os botões viraram pequenos buquês de novas folhas num tom de verde que eu nunca tinha visto antes. a temperatura subiu e hoje saí de casa só com uma jaqueta jeans.

que loucura, há dois meses isso aqui tava coberto de neve.

vejo as primeiras flores selvagens nascerem e morrerem. os dentes de leão tomarem a pracinha aqui perto de casa até serem soprados pelo vento (ou pelas crianças). os mosquitos voltaram também e eu nunca fui tão grata pela tela que cobre as janelas quanto agora.

as aranhas fazem suas visitas anuais na minha varanda. infelizmente, elas estão em todos os lugares, mas já aprendi que se as deixar em paz elas me deixam também.

preciso passar protetor solar quando saio de casa pro primeiro passeio com o michael, às cinco da manhã, e os dias parecem que não terminam nunca, porque quando me deito, às nove e meia, ainda tem luz do sol colorindo o céu de rosa.

eu pisco e as folhas tão mudando de cor. as ruas, antes formigueiros repletos de gente pra todos os cantos, começam a esvaziar. o verde dá espaço pro amarelo que dá espaço pro vermelho.

é a mudança da luz solar, sabia? que faz as folhas mudarem de cor. menos sol significa menos pigmento. ou algo assim.

elas cobrem o chão como um tapete. o sol ainda esquenta, mas o vento não perdoa ninguém.

as luzes de natal já tão por todo lado e vão abrir as pistas de patinação a qualquer momento. olho maravilhada a primeira neve do ano, mesmo com dias curtíssimos. fico confusa porque agora não tem mais sol quando saio pro meu passeio com o michael às 5 da tarde. nem quando olho pela janela às 4h30.

tá tudo coberto de neve de novo e o silêncio é do tipo que nunca ouvi antes.

não sobrou um broto de folha nos galhos. mas que alegria saber que logo, logo eles tão de volta.

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