aqui vai uma confissão pra você, assinante desta prestigiosa newsletter: eu sou uma procrastinadora crônica.
veja bem, eu tenho certeza que, em certas áreas da sua própria Vida Adulta, você também é, mas percebi recentemente que sou um tipo particular, porém não raro – a que procrastina o trabalho com mais trabalho.
seguimos, por aqui, no status de Desempregada™ e enquanto o pânico bate à porta cada vez mais alto, eu sigo encontrando milhares de pequenas coisas para fazer que parecem mais importantes para mim do que aquilo que eu mais amo fazer: escrever.
Jéssica, minha abençoada terapeuta, me explicou que “isso é um mecanismo de defesa, Má”, mas eu insisto em continuar olhando pra esse hábito horroroso como um vírus comportamental que vai tomar conta da minha vida e devorar a minha criatividade de dentro pra fora.
eu e Jéssica chamamos esse tipo de resposta de “Marcela apocalíptica”, mas isso é assunto pra outra newsletter.
o que eu quero dizer com essa introdução absolutamente irracional e sem sentido é que a gente tem duas tendências fortíssimas, enquanto seres humanos:
atacar aquilo que mais amamos
evitar o desconforto como se fosse uma praga
no primeiro caso, dá pra observar esse comportamento de várias formas. a gente sempre desconta a nossa raiva e frustração nas pessoas que tão perto, que a gente mais gosta – e talvez esse seja o melhor exemplo, na verdade. se você gosta muito de alguma coisa, provavelmente vai consumir aquilo à exaustão até detestar, podendo gerar, inclusive, questões reais de saúde.
o segundo ponto é mais óbvio. ninguém gosta de se sentir desconfortável e, como eu já falei outras vezes aqui, a gente às vezes trabalha muito duro pela nossa zona de conforto pra querer sair dessa bolha por vontade própria (deus me livre).
me vejo, no momento, encarando as duas coisas de frente, num duelo que eu tenho certeza absoluta que vou perder. não só porque tenho poucas armas pra brigar de volta (eu sou de Libra, gente, detesto conflito) como também porque entrar no modo delulu e fingir que não tem nada acontecendo e “tá tudo bem, hahahaha” é o meu modus operandi.
escrever é maravilhoso, e eu amo tanto que deixo de escrever por medo dos fantasmas que a escrita vai me fazer enfrentar.
então, eu fujo, procrastino, encontro outras coisas pra fazer, outras atividades pra dominar a minha rotina e me deixar Sem Tempo™ pra escrever. ‘ah, que pena, já são nove da noite, eu nem queria escrever mesmo, não vou tentar agora.'
a nossa mente é muito safada.