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dói muito assumir as nossas dores
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dói muito assumir as nossas dores

hoje tô reflexiva e isso é um desabafo por escrito

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maki de mingo
Nov 21, 2024
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dói mais do que eu gostaria de admitir.

assumir a responsabilidade das nossas próprias escolhas.

olhas pras partes nossas que a gente não gosta.

juntar forças pra mudar.

são dores difíceis de tratar também, porque não são como um punho quebrado. toma um analgésico, bota uma tala, fisioterapia nos próximos meses. uma hora você acorda e, olha só!, a dor passou e tudo volta a ser o que era antes.

não, são dores que não têm começo nem fim. aparecem do nada e somem com a mesma rapidez. às vezes são agudas a ponto de roubarem o ar. outras, são como o incômodo de uma pedrinha minúscula no sapato - você sabe que ela tá ali, mas o desconforto não é tão grande a ponto de te fazer tirar o calçado no meio da rua pra sumir com a bichinha.

parece infantil e até meio cringe falar sobre isso quando eu já tô mais pra lá do que pra cá quando o assunto são os 30 anos, mas acho que é isso que significa crescer: sentir dores e desconfortos que você não sabe muito bem de onde surgem ou como somem, mas que mudam intrinsecamente a sua forma de ver o mundo.

de lidar com as pessoas também.

ando com uma enxaqueca que não vai embora porque minha mente não para de pensar sobre tudo isso. as dificuldades do ser humano em ter consciência de si, suas motivações, escolhas, responsabilidades. sobre o seu impacto no entorno, na cidade, no país, no mundo, quiçá no universo.

somos todos poeira de estrelas, afinal.

sou feita de reflexões profundas e imaginações do-que-nunca-foi-e-jamais-poderia-ser, um mecanismo de defesa que criei enquanto pituca pra diminuir a dor da solidão. sempre me vi como criativa, mas, ultimamente, ando questionando até mesmo essa parte tão certeira sobre mim.

não tenho script pro texto de hoje, confesso. não parecia adequado pensar num tema e estruturá-lo de maneira que a minha mente transformasse uma ideia aleatória em algo com sentido, começo-meio-e-fim.

hoje eu queria escrever sem medo. o que, em si, não é verdade, porque o medo segue aqui. de falar demais, me abrir demais, ser vista demais. quantas perguntas a mente humana consegue responder num dia? talvez o Google tenha a resposta, mas eu gosto de pensar que esse talvez seja um dos mistérios da existência.

recebi os parabéns da minha terapeuta na última semana, quando assumi que estava incomodada com a minha própria vida, e ela rebatou com outro ponto que me deixou em estado catatônico o fim de semana inteiro.

o questionamento, em si, não vem ao caso, mas sim o quanto eu precisava de tempo pra pensar e assumir pra mim mesma que, apesar de todo o preparo que o meu perfeccionismo exige para toda e qualquer coisa, eu me sinto pouquíssimo preparada pra viver.

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