palavras bonitas caçoam de mim cotidianamente
9 dificuldades de escrita bem definidas pra gente chorar junto
é domingo. acordo cedo, como de costume, e sigo a minha rotina matinal feliz. hoje, não tem nada programado.
penso no que eu gostaria de fazer com o tempo. descansar, claro, mas também escrever. quero avançar na minha história e aproveitar o silêncio do dia. tá chovendo e nublado lá fora, o que ajuda - não me sinto culpada por ficar em casa num dia assim.
planejo também, meio por cima, sair de tarde só pra tomar um café, dar uma volta e ver um pouco de gente. com todo respeito ao meu cachorro, tem horas que eu preciso mesmo interagir com alguém que vai me responder de volta.
feliz com meus planos, sento pra tomar café da manhã com o meu livro. tô chegando quase no final e não vejo a hora de terminar.
lá fico.
quando olho no relógio, são quase 11 da manhã e eu não mudei de mesma posição. o prato do café da manhã segue esquecido sobre a mesa, assim como o copo com os restos da minha vitamina.
penso com os meus botões:
‘bom, já são 11 horas, vou fazer um café, comer alguma coisinha e continuo aqui até meio-dia. depois, banho e seguir o plano.’
nem preciso dizer que nada - absolutamente nada - sai como o planejado. o relógio caçoa de mim e, às duas da tarde, depois de um banho longo e um almoço improvisado, saio pra ‘dar uma volta’ meio sem rumo, só pra aproveitar um pouco a possibilidade de sair sem ter hora pra voltar.
o planejamento continua, diminuindo o tempo das coisas que quero fazer cada vez mais até que, às seis da tarde, depois do passeio, mais uma volta pelo bairro com o Michael e uma hora de leitura, decido que ‘é tarde demais’ pra começar a escrever qualquer coisa.
são 21h40 da noite. já na cama, me preparo pra dormir com mais algum tempo de leitura (como se já não tivesse lido o bastante durante o dia) e penso ‘ah, amanhã eu arranjo um tempo pra escrever’.
não arranjei.