o dia que a minha criatividade acabou
ou ‘pensamentos sobre gastar de mais e repor de menos’
juro que não queria ser a pessoa que fala sobre ‘bloqueio de escrita’ porque, de verdade, não acredito que isso existe. porém, tô passando por uma seca criativa (de novo) e achei que seria melhor escrever a respeito (de novo) porque não tenho mais nada pra dizer (de novo).
comentei que comecei a trabalhar por aqui e por mais que esteja sendo a melhor coisa que me aconteceu nos últimos três meses, também tem cobrado um preço caro no meu trabalho criativo.
e, veja bem, não é que o meu trabalho é chato ou que eu não goste do que eu estou fazendo. pelo contrário, tá sendo até muito divertido (*essa opinião tem validade de dois meses*). mas começar um trabalho novo é algo que exige muito de qualquer um. eu tô numa função nova, num mercado totalmente novo, numa área nova (telecomunicações), trabalhando com ferramentas e temas que nunca nem sonhei em trabalhar com antes.
é compreensível, né?
e tem uma coisa interessante que acontece quando você gasta muita energia mental aprendendo. você fica cansada.
uau, hein. que conclusão incrível. ninguém tava esperando uma dessas.
eu sei, eu sei, é uma super novidade. porém, novidades à parte, é engraçado como eu demoro pra entender que isso tá acontecendo até já estar há dias cansada, sem ter feito nada a respeito.
por exemplo, pra mim, esse cansaço mental aparece da seguinte forma:
eu fico obcecada por redes sociais, scrollando todo momento que posso
me apego a coisas que distraem fácil, tipo um livro, uma série, até músicas
deixo de escrever ou de criar conteúdo
já comentei outras vezes como as coisas que a gente mais ama são as que mais sofrem com o nosso cansaço e a minha escrita é sempre a escolhida pra levar as porradas (secundárias) que a vida me dá.
e isso nem é uma reclamação, mas uma observação minuciosa de anos e anos de padrões comportamentais repetidos exaustivamente (minha terapeuta que lute).
some a isso a famigerada TPM, e o que antes era uma simples dificuldade pra criar vira toda uma crise existencial que pode ser resumida em: ‘nada disso importa, vou viver no meio do mato’.
as alegrias de ser mulher, né?
em copo cheio…
… não entra nada. já dizia um antigo professor. e tenho pensado um pouco nisso porque, apesar de estar bem ciente dos meus próprios movimentos mentais, é fato que levo tempo demais pra de fato fazer algo a respeito.
e, entenda, longe (bem longe) de mim querer transformar a minha vida numa ode à produtividade, em que eu tenho que fazer alguma coisa o tempo inteiro pra resolver os milhares de problemas que a vida apresenta. ou ficar 100% focada em ser sempre a minha Melhor Versão.
credo.
isso tem mais a ver com o real autocuidado, que começa com estabelecer limites e termina com adotar práticas que, de fato, colaboram pro meu bem-estar físico e mental.
inclusive, eu li o livro ‘Autocuidado de Verdade’ da Pooja Lakshmin, em que ela fala exatamente sobre esse assunto. enquanto pesquisava pra esse texto, me deparei com essa frase da autora que cabe bem aqui:
sentimentos não são agentes racionais. eles apenas são. é seu trabalho aprender como senti-los, e aí podemos decidir se queremos agir com base neles.